segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Sons inaudíveis

Um rei mandou seu filho estudar no templo de um grande Mestre, com o objectivo de prepará-lo para ser uma grande pessoa. Quando o príncipe chegou ao templo, o Mestre o mandou sozinho para uma floresta. Ele deveria voltar um ano depois, com a tarefa de descrever todos os sons da floresta. Quando o príncipe retornou ao templo, após um ano, o Mestre lhe pediu para descrever todos os sons que conseguira ouvir. Então disse o príncipe:
- Mestre, pude ouvir o canto dos pássaros, o barulho das folhas, o alvoroço dos beija-flores, a brisa batendo na grama, o zumbido das abelhas, o barulho do vento cortando os céus...
E ao terminar o seu relato, o Mestre pediu que o príncipe retornasse à floresta, para ouvir tudo o mais que fosse possível. Apesar de intrigado, o príncipe obedeceu a ordem do Mestre, pensando:
- Não entendo, eu já distingui todos os sons da floresta...
Por dias e noites ficou sozinho ouvindo, ouvindo, ouvindo... mas não conseguiu distinguir nada de novo além daquilo que havia dito ao Mestre. Porém, certa manhã, começou a distinguir sons vagos, diferentes de tudo o que ouvira antes. E quanto mais prestava atenção, mais claros os sons se tornavam. Uma sensação de encantamento tomou conta do rapaz. Pensou:
- Esses devem ser os sons que o Mestre queria que eu ouvisse...
E sem pressa, ficou ali ouvindo e ouvindo, pacientemente. Queria Ter certeza de que estava no caminho certo. Quando retornou ao templo, o Mestre lhe perguntou o que mais conseguira ouvir.
Paciente e respeitosamente o príncipe disse:
- Mestre, quando prestei atenção pude ouvir o inaudível som das flores se abrindo, o som do sol nascendo e aquecendo a terra e da grama bebendo o orvalho da noite...
O Mestre sorrindo, acenou com a cabeça em sinal de aprovação, e disse:
- Ouvir o inaudível é ter a calma necessária para se tornar uma grande pessoa. Apenas quando se aprende a ouvir o coração das pessoas, seus sentimentos mudos, seus medos não confessados e suas queixas silenciosas, uma pessoa pode inspirar confiança ao seu redor; entender o que está errado e atender às reais necessidades de cada um."

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Oasís

Conta uma popular lenda do Médio Oriente, que um jovem chegou à beira de um oásis junto a um povoado e, aproximando-se de um velho, perguntou-lhe:
- Que tipo de pessoa vive neste lugar ? 
- Que tipo de pessoa vivia no lugar de onde você vem ? - perguntou por sua vez o ancião. 
- Oh, um grupo de egoístas e malvados - replicou o rapaz - estou satisfeito de haver saído de lá. 
- A mesma coisa você haverá de encontrar por aqui – replicou o velho.
No mesmo dia, um outro jovem se acercou do oásis para beber água e vendo o ancião perguntou-lhe: 
- Que tipo de pessoa vive por aqui? 
O velho respondeu com a mesma pergunta: - Que tipo de pessoa vive no lugar de onde você vem? 
O rapaz respondeu: - Um magnífico grupo de pessoas, amigas, honestas, hospitaleiras. Fiquei muito triste por ter de deixá-las. 
- O mesmo encontrará por aqui - respondeu o ancião. 
Um homem que havia escutado as duas conversas perguntou ao velho: 
- Como é possível dar respostas tão diferente à mesma pergunta? 
Ao que o velho respondeu : 
- Cada um carrega no seu coração o meio ambiente em que vive. Aquele que nada encontrou de bom nos lugares por onde passou, não poderá encontrar outra coisa por aqui. Aquele que encontrou amigos ali, também os encontrará aqui, porque, na verdade, a nossa atitude mental é a única coisa na nossa vida sobre a qual podemos manter controle absoluto.

A parábola do Pote

Um sábio mestre agarrou num pote de barro e chamou o seu discípulo. Colocou algumas pedras muito grandes dentro do pote e perguntou-lhe: “ O pote está cheio? E o discípulo respondeu: “Sim”!

O mestre agarrou num saco cheia de pedrinhas pequenas e as despejou dentro do pote, e tornou a perguntar ao seu discípulo: “E agora, o pote está cheio ?” E ele respondeu: “Sim, mestre. Desta vez o pote está totalmente cheio”. 

O sábio, então, agarrou numa lata de areia e a derramou dentro do pote. A areia preencheu os espaços entre as pedras grandes e as pedrinhas pequenas. Num impulso, o discípulo se adiantou: “Pronto! Agora acabou, mestre. Não é possível colocar mais nada dentro desse pote!”. 

O mestre respondeu-lhe com um sorriso e virou uma jarra d’água dentro do pote, que, encharcando a areia, desapareceu.

Depois disso, o sábio agarrou noutro pote de barro e pediu que o discípulo repetisse a experiência, mas na ordem inversa. No momento de colocar as pedras grandes, estas não couberam no vaso, pois parte dele já havia sido preenchido por coisas menores.

Diante disso, o mestre concluiu a lição: “O pote de barro é a nossa vida; a nossa disponibilidade de tempo é o que cabia no pote. As pedras grandes são as coisas realmente importantes da vida: o seu crescimento pessoal e espiritual e seu relacionamento com a família e amigos. Se você der prioridade a isso e se mantiver aberto para o novo, o restante se ajustará por si: os seus afazeres diários, bens e direitos materiais, lazer e todas as restantes actividades menores que completam a vida. No entanto, se você preencher sua vida com coisas pequenas, as coisas realmente importantes nunca terão espaço suficiente na sua vida”. 

Autor desconhecido

sábado, 22 de janeiro de 2011

O pássaro está vivo?

O jovem estava no final de seu treinamento e, em breve, passaria a ensinar. Como todo bom aluno, ele precisava desafiar seu professor e desenvolver sua própria maneira de pensar. Capturou um pássaro, colocou-o em uma das mãos e foi até ele:

“Mestre, este pássaro está vivo ou morto?”

Seu plano era o seguinte: se o mestre dissesse “morto” ele abriria a mão e o pássaro voaria. Se a resposta fosse “vivo”, ele esmagaria a ave entre os dedos; assim, o mestre sempre estaria errado.

“Mestre, o pássaro está vivo ou morto?”, insiste.

“Meu caro aluno, isto vai depender de você”, foi o comentário do mestre.

(por Paulo Coelho)