Uma vez um homem estava viajando e, acidentalmente, entrou no paraíso. E no conceito indiano de paraíso existem árvores-dos-desejos.
Você simplesmente senta debaixo dela, deseja qualquer coisa e imediatamente seu desejo é realizado - não há intervalo entre o desejo e sua realização.
O homem estava cansado, e pegou no sono sob a árvore-dos-desejos. Quando despertou estava com muita fome, então disse:
- Estou com tanta fome, desejaria poder conseguir alguma comida de algum lugar.
E imediatamente apareceu comida vinda do nada - simplesmente uma deliciosa comida flutuando no ar.
Ele estava tão faminto que não prestou atenção de onde a comida viera - quando se esta com fome, não se é filósofo.
Começou a comer imediatamente, a comida era tão deliciosa...
Depois, a fome tendo desaparecido, olhou à sua volta. Agora estava satisfeito.
Outro pensamento surgiu em sua mente: - Se ao menos pudesse conseguir algo para beber...
E como não há proibições no paraíso, imediatamente apareceu um excelente vinho. Bebendo o vinho relaxadamente na brisa fresca do paraíso, sob a sombra da árvore, começou a pensar:
- O que esta acontecendo? O que esta havendo? Estou sonhando ou existem espíritos ao redor que estão fazendo truques comigo?
E espíritos apareceram.
E eram ferozes, horríveis, nauseantes.
E ele começou a tremer e um pensamento surgiu em sua mente:
- Agora vou ser assassinado, com certeza...
E ele foi assassinado.
segunda-feira, 25 de julho de 2011
quinta-feira, 21 de julho de 2011
O louco
Perguntais-me como me tornei louco.
Aconteceu assim:
um dia, muito tempo antes de muitos deuses terem nascido, despertei de um sono profundo e notei que todas as minhas máscaras tinham sido roubadas - as sete máscaras que eu havia confeccionado e usado em sete vidas - e corri sem máscara pelas ruas cheias de gente, gritando:
"Ladrões, ladrões, malditos ladrões!"
Homens e mulheres riram de mim e alguns correram para casa, com medo de mim e quando cheguei à praça do mercado, um garoto sobre o telhado de uma casa gritou:
- É um louco!
Olhei para cima, para vê-lo.
O sol beijou pela primeira vez minha face nua. Pela primeira vez, o sol beijava minha face nua, e minha alma inflamou-se de amor pelo sol, e não desejei mais minhas máscaras. E, como num transe, gritei:
- Benditos, bendito os ladrões que roubaram minhas máscaras!
Assim me tornei louco.
E encontrei tanto liberdade como segurança em minha loucura: a liberdade e a segurança de não ser compreendido, pois aquele desigual que nos compreende escraviza alguma coisa em nós.
Autor: Kahlil Gibran
Aconteceu assim:
um dia, muito tempo antes de muitos deuses terem nascido, despertei de um sono profundo e notei que todas as minhas máscaras tinham sido roubadas - as sete máscaras que eu havia confeccionado e usado em sete vidas - e corri sem máscara pelas ruas cheias de gente, gritando:
"Ladrões, ladrões, malditos ladrões!"
Homens e mulheres riram de mim e alguns correram para casa, com medo de mim e quando cheguei à praça do mercado, um garoto sobre o telhado de uma casa gritou:
- É um louco!
Olhei para cima, para vê-lo.
O sol beijou pela primeira vez minha face nua. Pela primeira vez, o sol beijava minha face nua, e minha alma inflamou-se de amor pelo sol, e não desejei mais minhas máscaras. E, como num transe, gritei:
- Benditos, bendito os ladrões que roubaram minhas máscaras!
Assim me tornei louco.
E encontrei tanto liberdade como segurança em minha loucura: a liberdade e a segurança de não ser compreendido, pois aquele desigual que nos compreende escraviza alguma coisa em nós.
Autor: Kahlil Gibran
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